4.8.06

De elevadores e aviões

O trauma: ficar presa sozinha entre o 30º e o 31º andar de um hotel em Miami (??!!), 10 anos, altas horas, gritando "HEEEEEELP ME", como se alguém naquela vila falasse inglês...

Quando eu era criança, tinha medo de elevador, mas adorava avião. É que eu andava mais de avião do que de elevador... morava em casa, tal e coisa. Na verdade, eu sempre vinha tensa no avião imaginando que ia chegar no Rio e entrar no elevador do Galeão primeiro, e depois no elevador do prédio da minha tia. O avião dando seus sacolejos de verão e eu só pensava nos elevadores, elevadores, elevadores me esperando.

O trauma: 10 horas ininterruptas num vôo infernal, pessoas se perguntando se iam morrer, vontade de fazer xixi, de comer, de beber água, adolescente pendurada na medalha de Nossa Senhora de Fátima e engastada no braço do pai.

Depois que eu fiquei velha, vim morar em prédio e deixei de notar a presença do elevador. Entro e saio dele pra chegar em casa, pra ir ao médico, ao advogado, à aula (quem conhece a Uerj sabe o que isso significa em termos de macheza). Mas avião virou problema. Hoje uso menos. Já andei até fazendo umas viagens malucas de ônibus pra sair pela tangente.

Conclusão: nada é mais patético do que ter medo de avião ou de elevador. Nada é mais engraçado do que observar o desespero das pessoas que têm medo de avião ou de elevador. Nada é mais irritante do que gente que menospreza o medo que alguns têm de avião ou de elevador. Ah, cuidem das suas vidas!