24.12.10

Achados e perdidos

Há tempos que perdi mundo afora um par de belas quimeras. Eram lindas ilusões em feitio de flor. Vez por outra me lembrava delas e, perdida em pensamentos, me perguntava que fim teriam levado. Hoje, flanando numa assaz caliente noite bonaerense, penso que casualmente as encontrei, embora - mea culpa - nunca tenha feito por onde reavê-las. Até palpitou meu coração - ora, ora, se não são elas! - contudo não as tomei de volta. Na pequena valise que trouxe neste recesso natalino, elas pesariam como chumbo. Além disso, hoje moro num apartamento bem menor, modos que as belas quimeras ocupariam demasiado espaço, atravancando a sala e a vida. Assim sendo, no frescor sincero do ar condicionado de hotel, fiz-lhes esse continho chiquito e desajeitado, em honra aos velhos tempos, e as deixo viver em paz, para que em paz também me deixem viver.