25.1.09
Pílulas IV
O que eu quereria saber, caso fosse possível, é qual a parte que realmente me cabe nesse latifúndio...
18.1.09
Uma pequena porção de nada
Já corri muito atrás de ir embora definitivamente do Rio de Janeiro.
Como parte desse desejo tão antigo quanto a minha volta pra cá, na época da faculdade, fiz inúmeros concursos pra outros estados, tentei bolsas de estudo e avaliei propostas de emprego. Ao fim e ao cabo, nenhuma dessas tentativas resultou numa mudança efetiva. Quando muito geraram em mim uma positiva ansiedade, mas ficaram nisso.
Hoje, enquanto andava aqui pelo Largo do Machado, aporrinhada com a minha gripe e pensando se deveria ou não ver Vicky Cristina Barcelona na sessão das 4, me dei conta de que viver no Rio é bom, muito bom. Ah, é melhor ainda se você, assim como eu, prezar pelo conforto e não se importar em manter o ar condicionado ligado durante os dias mais quentes. Esse clima de balneário, principalmente no verão, deixa a cidade especialmente risonha. Gostoso entrar na Galeria São Luiz e almoçar um temaki fresquinho como o tempo pede, depois assistir a um filme e finalmente vir pra casa encontrar um bom romance na estante. Sim: existe felicidade nessa cidadezinha ao Sul do Equador.
O caso é que felicidade existe em outros cantos também. E uma felicidade sem as cobranças de memórias construídas ao longo dos anos, de lugares que remetem a pessoas que por vezes adoraríamos esquecer de vez. Embora eu tenha passado grande parte da minha vida fora do Rio, aqui vivem as mais fortes lembranças da tríade amigos-amores-família. Nômade que sou, essa avalanche de referências me sufoca a ponto de fazer sofrer. Quase impossível circular pela cidade sem lembrar de um bom momento que não volta mais, de alguém querido que morreu, de tudo de bom e de ruim que vivi aqui.
Se você leu isso e pensou que é assim mesmo, que o negócio é tocar pra frente, respondo que não sei. Com todo o carinho que tenho pelo estonteante cenário carioca, pra mim ele se parece com uma folha de papel de carta bem decorada, mas desgastada por contínuos esfregões de borracha. Uma hora a folha, de tão fininha, se rasga, e não há mais como remendá-la. É hora de fazer um novo começo, sem vícios, num papel novinho.
Sei que para muitos meu raciocínio deve se parecer com fuga da realidade, um ultraromantismo tolo. Talvez seja mesmo. Mas prefiro cultivar essa ilusão boa a achar que, onde quer que eu vá, carregarei um fardo grande e pesado de passados. Ah, e talvez nem seja tão ilusório pensar assim. Qual de nós não voltou melhor de uma viagem feita no momento em que a vida parecia mais complicada? Quem nunca ouviu uma história sobre pessoas que conseguiram se afastar de vez de parentes indesejáveis quando resolveram mudar de cidade?
Não sei até quando permanecerei no Rio, mas sei que hoje, mais do que nunca, ficar ou sair dependerá integralmente do meu empenho pessoal, com uma pequena ajudinha do acaso. O destino - sempre ele - tem me apontado, com pequenos incidentes, novos caminhos. O melhor desse momento da minha vida, sem dúvida, é a tranquilidade que adquiri pra esperar o tempo certo de semear e colher. Mas isso já é tema pra um outro post.
Como parte desse desejo tão antigo quanto a minha volta pra cá, na época da faculdade, fiz inúmeros concursos pra outros estados, tentei bolsas de estudo e avaliei propostas de emprego. Ao fim e ao cabo, nenhuma dessas tentativas resultou numa mudança efetiva. Quando muito geraram em mim uma positiva ansiedade, mas ficaram nisso.
Hoje, enquanto andava aqui pelo Largo do Machado, aporrinhada com a minha gripe e pensando se deveria ou não ver Vicky Cristina Barcelona na sessão das 4, me dei conta de que viver no Rio é bom, muito bom. Ah, é melhor ainda se você, assim como eu, prezar pelo conforto e não se importar em manter o ar condicionado ligado durante os dias mais quentes. Esse clima de balneário, principalmente no verão, deixa a cidade especialmente risonha. Gostoso entrar na Galeria São Luiz e almoçar um temaki fresquinho como o tempo pede, depois assistir a um filme e finalmente vir pra casa encontrar um bom romance na estante. Sim: existe felicidade nessa cidadezinha ao Sul do Equador.
O caso é que felicidade existe em outros cantos também. E uma felicidade sem as cobranças de memórias construídas ao longo dos anos, de lugares que remetem a pessoas que por vezes adoraríamos esquecer de vez. Embora eu tenha passado grande parte da minha vida fora do Rio, aqui vivem as mais fortes lembranças da tríade amigos-amores-família. Nômade que sou, essa avalanche de referências me sufoca a ponto de fazer sofrer. Quase impossível circular pela cidade sem lembrar de um bom momento que não volta mais, de alguém querido que morreu, de tudo de bom e de ruim que vivi aqui.
Se você leu isso e pensou que é assim mesmo, que o negócio é tocar pra frente, respondo que não sei. Com todo o carinho que tenho pelo estonteante cenário carioca, pra mim ele se parece com uma folha de papel de carta bem decorada, mas desgastada por contínuos esfregões de borracha. Uma hora a folha, de tão fininha, se rasga, e não há mais como remendá-la. É hora de fazer um novo começo, sem vícios, num papel novinho.
Sei que para muitos meu raciocínio deve se parecer com fuga da realidade, um ultraromantismo tolo. Talvez seja mesmo. Mas prefiro cultivar essa ilusão boa a achar que, onde quer que eu vá, carregarei um fardo grande e pesado de passados. Ah, e talvez nem seja tão ilusório pensar assim. Qual de nós não voltou melhor de uma viagem feita no momento em que a vida parecia mais complicada? Quem nunca ouviu uma história sobre pessoas que conseguiram se afastar de vez de parentes indesejáveis quando resolveram mudar de cidade?
Não sei até quando permanecerei no Rio, mas sei que hoje, mais do que nunca, ficar ou sair dependerá integralmente do meu empenho pessoal, com uma pequena ajudinha do acaso. O destino - sempre ele - tem me apontado, com pequenos incidentes, novos caminhos. O melhor desse momento da minha vida, sem dúvida, é a tranquilidade que adquiri pra esperar o tempo certo de semear e colher. Mas isso já é tema pra um outro post.
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