Hoje vi na TV que cientistas descobriram um dos buracos negros da psique humana. Sim: é possível apagar memórias do nosso cérebro através de drogas, estímulos ou algo do gênero. Aquele namorado complicado, os anos de bullying no colégio, o chefe que te assediou moralmente... tudo deletado pra sempre do seu HD, sem deixar vestígios. O desagradável vício de fumar ou beber? Nunca mais. Adeus, lembranças amargas e hábitos nefastos.
Curioso é que essa notícia me pegou num dia especialmente nostálgico. Na casa do meus pais para o feriado da Páscoa, reencontrei numa bolsa de viagem embolorada as fotos de toda a minha vida - ou pelo menos de uma parte considerável dela. Flavia bebê de cabelos clarinhos com vovô e vovó; Flavia no apartamento de Laranjeiras aprendendo a dançar com o Dindo; Flavia banguela na festa de fim de ano da escola; Flavia com os primos brincando no chão da casa da tia-avó; Flavia com papai e mamãe na Cidade da Criança... E com os amigos em Maceió, em Teresópolis, no Rio, em todo o canto. Fato inconteste é que quase todas essas lembranças são muito felizes e luminosas, contudo salpicadas de tristezas que, lá e cá, tornam a vida agridoce - requinte de paladar que, cá pra nós, diz muito mais à minha língua do que o que é excessivamente açucarado.
Evidente que há coisas pelas quais eu preferia não ter passado. Já segurei barras pesadas demais pros meus 28 anos... fatos terríveis, dolorosos ou difíceis mas que, ao fim e ao cabo, fazem parte da minha história de uma forma indissociável. Fico imaginando se toda essa tecnologia da neurociência estivesse ao meu alcance amanhã de manhã quando eu acordasse. Algo como um vendedor no melhor estilo “Avon chama” batendo à porta do meu apartamento, portando uma engenhoca capaz de apagar lembranças ruins por preços módicos. A senhora escolhe, eu apago. E aí, como escolher? Aliás... devo escolher? O que sobraria de mim, depois de eliminar as experiências negativas?
Apesar dos tropeções (meus e dos outros) que bagunçaram meu coreto tantas vezes, acho que ser quem eu sou ainda me dá um profundo prazer. Sabe aquele verso do Caetano, “Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é”? Pois é... sou tão arraigada às minhas dores e delícias que jamais saberia viver sem elas. Há os que chamam isso de autoestima elevada. Melhor assim.
Curioso é que essa notícia me pegou num dia especialmente nostálgico. Na casa do meus pais para o feriado da Páscoa, reencontrei numa bolsa de viagem embolorada as fotos de toda a minha vida - ou pelo menos de uma parte considerável dela. Flavia bebê de cabelos clarinhos com vovô e vovó; Flavia no apartamento de Laranjeiras aprendendo a dançar com o Dindo; Flavia banguela na festa de fim de ano da escola; Flavia com os primos brincando no chão da casa da tia-avó; Flavia com papai e mamãe na Cidade da Criança... E com os amigos em Maceió, em Teresópolis, no Rio, em todo o canto. Fato inconteste é que quase todas essas lembranças são muito felizes e luminosas, contudo salpicadas de tristezas que, lá e cá, tornam a vida agridoce - requinte de paladar que, cá pra nós, diz muito mais à minha língua do que o que é excessivamente açucarado.
Evidente que há coisas pelas quais eu preferia não ter passado. Já segurei barras pesadas demais pros meus 28 anos... fatos terríveis, dolorosos ou difíceis mas que, ao fim e ao cabo, fazem parte da minha história de uma forma indissociável. Fico imaginando se toda essa tecnologia da neurociência estivesse ao meu alcance amanhã de manhã quando eu acordasse. Algo como um vendedor no melhor estilo “Avon chama” batendo à porta do meu apartamento, portando uma engenhoca capaz de apagar lembranças ruins por preços módicos. A senhora escolhe, eu apago. E aí, como escolher? Aliás... devo escolher? O que sobraria de mim, depois de eliminar as experiências negativas?
Apesar dos tropeções (meus e dos outros) que bagunçaram meu coreto tantas vezes, acho que ser quem eu sou ainda me dá um profundo prazer. Sabe aquele verso do Caetano, “Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é”? Pois é... sou tão arraigada às minhas dores e delícias que jamais saberia viver sem elas. Há os que chamam isso de autoestima elevada. Melhor assim.
4 comentários:
Fala, Flavia! Séculos que não nos falamos. Bom esse seu texto, sabe o que eu acho? Que as lembranças ruins fazem parte da psiquê tanto quanto as boas. Se a gente apaga as ruins, como saberemos que erramos e que não vale a pena cometer o mesmo erro de novo? Para mim tudo é aprendizado. Muito bom esse texto, volto aqui mais vezes. Beijos.
Fla, como sempre você tem um quê de Clarisse Lispector. Sou totalmente a favor das memórias. É ruim, mas serve de aprendizado. E as boas eu quero sempre! rsrs
beijos,
Raquel
Certamente!
Beijocas!
Flavia, você agora tá no meu blogroll. Aguardo ansioso pelos novos textos. Bjus.
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