24.6.06

As voltas que o mundo dá...

Essa semana, recebi uma proposta de emprego que, bem comparando, foi algo como jogar um fio desencapado para içar alguém que caiu num poço. Teria de me mudar de mala e cuia do Rio para o último lugar na esfera terrestre onde deveria pensar em viver para trabalhar em algo que não amo e ganhar um salário mediano.

Vocês devem estar se perguntando: ok, se era tão ruim, por que falar disso agora? Simples: porque eu sou uma kamikaze emocional. Não posso ver o abismo ali, pertinho, pertinho, que a tentação de me jogar cresce e por pouco não me engole. Além disso, minha alma nômade faz borboletas esvoaçarem pelo abdômen toda vez que ouço a palavra "mudança". Quanto maior a distância, maior o número de borboletas.

Como nem eram tantos os quilômetros assim que separariam a vida nova da velha vida, e como essa nova vida correria o sério risco de ser bem velha nos aspectos mais modorrentos, resolvi declinar. Acho que esse foi o maior serviço que já prestei à minha sanidade física, mental, espiritual e, last but not least, profissional. Cá estou, quietinha.

Só um detalhe: gente cismada como eu, que não consegue ver a vida como um conjunto de acontecimentos aleatórios que nenhuma harmonia guardam entre si, não é capaz de passar por cima de um acontecimento desses sem alguma reflexão. O primeiro movimento é acreditar que o destino está soprando naquela direção, e o certo é simplesmente abandonar-se ao sabor das marés. Mas tudo muda quando, bem calcados os dois pés no chão, damos-nos conta de que está em xeque algo tão frágil, mas tão definitivamente imprescindível, quanto a mínima felicidade necessária para sobreviver. Talvez seja uma força maior pondo a prova nossa capacidade de resistir à mudança efêmera e de buscar a paz e a realização verdadeiras. Talvez seja o momento de fazer a escolha irreversível pela vocação para a alegria de viver. Maktub.

(P.S.: admirador secreto... isso não é coisa que se faça com a minha curiosidade infantil!)

2 comentários:

Anônimo disse...

A curiosidade move nossas vidas :)

Fico feliz em saber que não vai mudar de cidade.

Ass.: Admirador secreto.

Flavia C. disse...

Ah, move. Se move.