18.6.06

Do afastamento, da perda, do amor, eu mesma.

No dia em que nasci, mataram uma secretária da OAB num atentado terrorista. Chovia muito no Rio de Janeiro, o trânsito complicou e nosso Fusquinha ficou preso no Rebouças. Quase que atrasa a cesariana. Um ano e pouco antes, noutro dia de chuva e engarrafamento, teve gente que não conseguiu chegar a tempo no casamento dos meus pais. No final das contas, deu tudo certo.

Daí que acredito em destino. Acho que já chegamos aqui com tudo mais ou menos acertado, a historinha pronta, e um pouco – só um pouco – de livre arbítrio. E é por isso que não tenho muito medo de me jogar, de pisar na bola, de voltar atrás, de errar o mesmo erro mil vezes.

Com sete anos tive os primeiros baques afetivos, do afastamento e da perda, e deu-se que cresci em algumas cidades, sempre muito sabida e um bocado melancólica. Às vezes, justifico todo o meu desembaraço de morar só porque vivo assim desde cedo, filha única, sem parentes por perto, pais saindo bem cedo e chegando bem tarde. No tempo enorme que tive comigo mesma, aprendi algumas coisas valiosas, como ouvir música boa e ler de tudo que entrava pela porta de casa, e outras, péssimas: ver mais televisão do que devia, fazer experiências com velas e fósforos quando faltava luz, passar horas e horas no mais perfeito ócio e pensar demais em mim.

A quem interessar possa, tirando a pirotecnia, todo o resto permanece.

Embora haja controvérsias, eu já tive 15, 18 e 20 anos. Vivi os três momentos lá do meu jeito, meio atrapalhado, um pouco perturbado, mas vivi sim, e de teimosa que sou, fui feliz. Claro que faltou uma ou outra coisa; nada que seja irremediável.

Já desejei mal a quem me feriu, já amei tanto que quase explodi, já freqüentei academia regularmente, já despertei paixões de onde menos se imagina, já fui muito e nada religiosa e, até onde me lembro, já contei algumas mentiras. (Algumas? Mentira.)

Virginiana tranca-rua, ascendente criticamente em Capricórnio, é a minha lua em Peixes que segura a barra e me permite um relacionamento mais doce com aquilo que não é palpável. Confesso que a cada dia que passa gosto mais dessa lua, e a cada dia que passa gosto mais de ser exatamente assim: eu mesma.

2 comentários:

Anônimo disse...

Nossa, eu não teria feito melhor. E olha que eu escrevo bem à beça!!! huahauahuahauhau 6o mandamento da TAM; humildade é fundamental!!! deve ser o primeiro mandamento da Gol:P

Anônimo disse...

Menina sabida essa! ;) Gostei muitíssimo do seu primeiro post. Ah...e eu também era um tanto pirotécnica, o que será que isso quer dizer?! rs
Bra-vo!